Olá, investidor!
Talvez você já tenha me ouvido falar sobre o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido).
Considero um dos indicadores mais determinantes para selecionar uma ação.
Vou te explicar o motivo…
Ele expressa em termos percentuais à capacidade da empresa em agregar valor a si mesma, utilizando os seus próprios recursos (patrimônio líquido).
É uma medida de rentabilidade do negócio.
Para calcular o ROE, basta dividir o lucro líquido pelo patrimônio líquido. Na prática ele vai ter dizer quanto que os sócios ganham por cada real investido no negócio.
A fórmula é simples: Lucro Líquido / Patrimônio líquido.
Caso você não saiba, o lucro líquido nada mais é do que o resultado financeiro gerado pela empresa, após o pagamento de todos os custos.
Já patrimônio líquido é o capital que os próprios acionistas investiram na empresa.
É muito usual usarmos a média do Patrimônio líquido dos últimos 12 meses, já que o Lucro Líquido utilizado será dos últimos 12 meses, até por que o lucro foi moldado a partir da mudança do patrimônio.
Vou dar um exemplo na visão do sócio de uma empresa…
Imagine que você tenha R$ 100.000,00 guardados e resolveu montar uma empresa aí no seu bairro. Vamos supor que seja um restaurante.
Então você utiliza esses R$ 100.000,00 reais para comprar todos os móveis e utensílios necessários para iniciar as atividades do seu restaurante.
Bom, esses R$ 100.000,00 é o seu Patrimônio Líquido.
Até aí ok? Beleza!
Se passou um ano e você obteve R$ 30.000,00 reais de lucro.
Bom, qual seria seu ROE? Seria de 30%, excelente por sinal.
Neste exemplo, você obteve um lucro de R$ 30.000,00. Mas o que você fará com esse recurso? Lembre-se que você já recebeu seu “salário” da empresa.
Você poderá distribuir os R$ 30.000,00, como dividendos para os sócios ou reservar este lucro para futuros investimentos.
Percebeu como o ROE está intimamente líquido ao potencial de crescimento da empresa?

Se você optar por reservar esse lucro, ela irá se incorporar ao Patrimônio Líquido da empresa.
Seu Patrimônio Líquido passará a ser R$ 130.000,00.
Agora vamos supor que você no próximo ano obteve R$ 35.000,00 de lucro.
Seu lucro cresceu cerca de 16%.
Mas vamos ver o que aconteceu com o ROE.
O ROE ficou em 26%, caiu. Mesmo a empresa gerando mais lucro.
Interessante, não acha?
Na prática a empresa perdeu rentabilidade.
Mas ainda se manteve com um bom ROE.
É sempre um desafio uma empresa conseguir crescer, mantendo seu ROE estável.
O banco Itaú é uma empresa que consegue manter essa relação de forma incrível:

Perceba que a banco aumenta anualmente o seu Patrimônio Líquido, mas praticamente mantém seu ROE estável!
Não é à toa que é um dos bancos mais rentáveis do mundo!
Aliás os banco brasileiros são os mais rentáveis do mundo.
O Itaú através de estratégia agressivas conseguem manter seu banco altamente rentável, mesmo com intenso crescimento.
Existe aquela máxima do mercado que diz.”O melhor negócio do mundo é um banco bem administrado. O segundo melhor negócio do mundo é um banco mal administrado”
Em se tratando de ganhar dinheiro…Esses caras executam o trabalho muito bem.
O problema do ROE ocorre quando a taxa fica muito próxima ou abaixo da taxa livre de risco.
Podemos considerar como taxa livre de risco a nossa conhecida SELIC, que serve como parâmetro para os investimentos de renda fixa.
Atualmente a taxa Selic está em 4,5%, então se uma empresa gera um ROE equivalente ou próximo desta taxa, não faria sentido o investimento.
Afinal um investimento que possui risco tem que apresentar uma contrapartida interessante, se não, não faria sentido investir.
Os sócios não estariam motivados a colocar recursos na própria empresa.
Incrível o quanto de informação apenas um indicador é capaz de trazer, não acha?
Pontos importantes:
- ROE baixo significa que a empresa não é eficiente na sua operação, não gera retorno aos próprios “donos”, com exceção no momento em que uma empresa compra outra, pois o seu patrimônio líquido se eleva significativamente.
- ROE é intimamente ligado à capacidade da empresa em gerar valor no longo prazo, basicamente ligado a sua capacidade de crescimento.
Seja exigente com esse indicador!
Por sinal, o próprio GuiaInvest desenvolveu um indicador único que mostra se uma ação pode ou não se supervalorizar.
Forte abraço!
Eduardo Voglino atua no mercado financeiro desde 2007 e já assessorou diretamente centenas de pessoas quando teve seu próprio escritório vinculado à XP. É um entusiasta de buscar valor e assimetrias no mercado de ações. Escreve para o TheCap na coluna Fórmula Buffett.