Caro leitor,
No mundo dos negócios existem dois tipos de pessoas.
As que numa negociação estão mais preocupadas com o benefício próprio do que com qualquer outra coisa.
E as que estão mais preocupadas com o benefício do outro do que com seu próprio.
O segundo tipo é o mais difícil de lidar e o mais chato.
Também são as que fazem os piores negócios.
O motivo é simples, elas estão preocupadas com a coisa errada.
Mais com o outro do que consigo mesmo.
São burros competitivos.
Normalmente elas acabam fazendo um negócio meia boca para si e ruim para o outro.
Ou são enganadas, achando que estão levando uma enorme vantagem enquanto o outro lado mente que está se dando mal.
Já lidei muito com os dois tipos.
Hoje vejo muitos investidores de FIIs pendendo para o lado errado nessa balança.
Muitos se preocupam com a taxa de administração e performance do fundo.
Recebo perguntas recorrentes no sentido de a taxa de um determinado fundo ser “justa” ou não.
Minha resposta é sempre a mesma: foque no seu resultado, não no da administradora ou gestora.
O fundo está gerando a renda que satisfaz você?
Se sim, então tudo certo. Se não, então não invista no fundo.
Simples assim.
Não fique quebrando a cabeça tentando descobrir se é culpa da taxa de administração ou de outras mil variáveis possíveis.
O trabalho do gestor não é fácil.
Não é óbvio.
Exige gente experiente, qualificada e ultra especializada.
Isso nunca vai ser barato.
Por isso eu já falei, só recomendo FIIs com equipes de gestão de primeira linha, gente que dá o sangue pelo fundo.
Imagine que você é gestor e quer iniciar um FII.
Primeira coisa, você vai ter que conseguir negociar a compra de um ou vários imóveis com alguns vendedores.
Parece fácil né?
Agora imagine que você vai fazer isso sem ter o dinheiro ainda.
Vai ter que convencer o vendedor a te dar o direito de compra por um tempo a um preço de baixo a razoável.
Convença ele, que com esses negócios alinhavados, você vai tentar captar estes recursos na bolsa de valores.
Lembre que se o negócio estiver saindo a um preço barato, vai ser muito difícil que não tenha mais compradores disputando este imóvel.
Você precisa ganhar essa disputa sem ter o dinheiro.
Já complicou um pouco né?
Bom, agora vá até o mercado e convença muitos (milhares) de investidores a te darem este dinheiro acreditando que estes negócios que você alinhavou são realmente bons.
Você tem pouco tempo para isso, afinal aquele direito de compra não é para sempre.
Vença a desconfiança natural dos investidores com novos negócios.
Torça para, nesse meio tempo, para não aparecer nenhum Coronavirus no meio do caminho, nem o Trump tuitar qualquer coisa maluca.
O mercado é arisco. Ele fecha as torneiras de um dia para o outro.
Para isso você contratou um monte de assessorias legais, financeiras e um coordenador para liderar sua tentativa de captação de recursos.
Esses caras custam muito, mas muito dinheiro. Se der errado, o risco é todo seu.
Se finalmente der certo, então o fundo está de pé e com dinheiro captado.
Finalmente você começa a receber a sua taxa de administração.
Daí vem um investidor e diz: “ai, meu Deus do Céu… eu acho alta essa taxa, tinha que ser mais baixa”.
Você vai ter vontade de mandar esse cara longe…
O trabalho do gestor e administrador destes fundos não é moleza.
Deixe o cidadão ser bem remunerado.
Ele é inteligente.
Ele sabe que se o que estiver “matando” a rentabilidade dele for a sua própria remuneração, ele vai matar a galinha dos ovos dele.
Esse cara vai ajustar isso rapidinho.
Você? Foque no seu resultado.
Se for bom, então ótimo.
Seja cotista deste fundo e receba seus rendimentos todo mês.
Se não for, nem importa o quanto o gestor recebe.
Você não estará lá para ver e nem vai sair do seu.
Abraço.
Marcelo Fayh atua profissionalmente no mercado financeiro desde 2007. Começou como operador de Bolsa, ministrou cursos e palestras pela XP Educação e teve seu próprio escritório de investimentos. Antes de virar analista, atuou como assessor de operações de Fusões e Aquisições. Acredita que qualquer pessoa é capaz de melhorar sua qualidade de vida através de escolhas e investimentos inteligentes. Escreve para o TheCap na coluna Fundos a Fundos.