Caro leitor,
Na última sexta-feira, dia 08 de março, testemunhamos uma queda acentuada nas ações da Petrobras, aproximando-se dos 10%.
Uma queda dessa magnitude, especialmente para uma blue chip, é notavelmente significativa, considerando a liquidez geralmente robusta desses papéis.
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Para se ter uma ideia do impacto, essa queda correspondeu a uma desvalorização de aproximadamente 52 bilhões de reais no valor de mercado da empresa.
Na quinta-feira, encerramos o pregão com a Petrobras avaliada em 533 bilhões de reais, apenas para vê-la amanhecer na sexta-feira com uma avaliação reduzida para 480 bilhões de reais. Uma diferença considerável.
Então, o que desencadeou essa queda tão pronunciada em uma das maiores petrolíferas do mundo?
Basicamente, a empresa anunciou que os acionistas receberão menos dividendos do que o esperado em 2024. Isso, claro, não se refere ao desempenho do papel em si, mas sim aos dividendos.
A geração de caixa operacional, uma métrica fundamental para determinar o pagamento de dividendos, apresentou um crescimento de 15% em relação ao período anterior, totalizando 57 bilhões de reais.
Essa performance robusta levou a Petrobras a gerar um fluxo de caixa livre de 41 bilhões de reais, uma quantia significativa.
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Com uma geração de caixa tão substancial, as expectativas dos investidores em relação aos dividendos eram elevadas.
No entanto, a empresa encaminhou para a Assembleia Geral Ordinária, agendada para 25 de abril de 2024, uma proposta de distribuição de dividendos equivalentes a 14,2 bilhões de reais, sem incluir pagamentos extraordinários.
Os investidores esperavam algo entre 2,5 e 4 bilhões de dólares em pagamentos extraordinários. O mercado, como é característico, reagiu rapidamente a esse ajuste de expectativas.
Assim como Warren Buffett, acredito que não há problema algum em uma empresa reter dividendos, desde que a alocação de capital seja estratégica, promovendo o crescimento do negócio.
Dessa forma, o retorno do dinheiro ao acionista está diretamente relacionado ao crescimento e ao desempenho da empresa no mercado.
Contudo, há uma preocupação evidente neste caso.
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O conselho optou por direcionar US$ 9,0 bilhões (aproximadamente R$ 43,9 bilhões) para a criação de uma reserva de Remuneração de Capital.
A decisão não partiu da empresa, mas sim de Luiz Inácio Lula da Silva.
E é aqui que surge a preocupação: será que essa movimentação de capital será estratégica para a empresa, ou existem interesses ocultos por trás?
É importante reconhecer que empresas estatais geralmente carregam um risco maior, pois o governo pode intervir em certas decisões do negócio.
Não é à toa que essas empresas normalmente são negociadas com múltiplos interessantes, refletindo esse risco adicional.
Infelizmente, essa decisão acabou ofuscando os sólidos resultados trimestrais da empresa.
Por enquanto, a Petrobras não está em nossa carteira de investimentos, e não vemos motivos para reavaliá-la.
Aliás, em termos de qualidade de investimento, temos outra empresa do setor que acreditamos possuir maior capacidade de crescimento em um ambiente com menos probabilidade de intervenção.
Forte abraço,
Eduardo Voglino