Resumo:
- Os dois profissionais diferem na forma de atuação e de remuneração;
- O assessor atua em um modelo de comissionamento, atrelado à uma instituição financeira;
- O consultor não recebe comissão e não é contratado por nenhuma corretora.
Ao recorrer a uma orientação no mercado financeiro é importante que você saiba a diferença entre assessoria de investimentos e consultoria de investimentos.
Embora pareçam a mesma coisa, a assessoria e a consultoria são dois serviços distintos, com um modelo de atuação completamente diferente.
Enquanto o assessor de investimento é vinculado a uma corretora de valores e faz a intermediação comercial entre o cliente e os produtos da instituição financeira;
O consultor de investimentos tem uma atuação mais independente e trabalha efetivamente com o aconselhamento dos clientes.
Essas diferenças na forma de atuação acabam impactando na remuneração desses dois tipos de serviços.
Nesse artigo, você vai entender a diferença entre assessoria de investimentos e consultoria de investimentos e como a escolha desses profissionais impacta nos resultados dos seus investimentos.
O que é um assessor de investimentos?
O assessor de investimentos, também chamado de agente autônomo de investimento (AAI), é o profissional que atua na distribuição de produtos e na prospecção de clientes para uma instituição financeira.
Ele trabalha vinculado a uma Corretora ou Distribuidora de Valores e só pode fornecer os produtos disponíveis naquela instituição.
A profissão de agente autônomo de investimento é regulamentada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) através da Instrução 497, pela qual ele pode desempenhar as seguintes funções:
I – prospecção e captação de clientes;
II – recepção e registro de ordens e transmissão dessas ordens para os sistemas de negociação ou de registro cabíveis, na forma da regulamentação em vigor; e
III – prestação de informações sobre os produtos oferecidos e sobre os serviços prestados pela instituição integrante do sistema de distribuição de valores mobiliários pela qual tenha sido contratado.
Ou seja, o assessor de investimentos tem um função mais comercial, agindo como uma ponte entre o cliente e a corretora para:
- Captar clientes;
- Fornecer informações sobre produtos de investimentos oferecidos pela corretora vinculada;
- Processar registros e ordens nos sistemas utilizados para negociação.
Vale ressaltar que o assessor de investimentos não pode recomendar investimentos, apenas auxiliar os clientes.
Portanto, a assessoria de investimentos está mais relacionada à prospecção de clientes e não ao serviço de orientação e recomendação como a consultoria de investimentos.
Para atuar como um agente autônomo de investimento é preciso ter sido aprovado no exame de qualificação da Ancord (Associação Nacional das Corretoras de Valores) e estar cadastrado na CVM.
O que é um consultor de investimentos?
O consultor de investimentos é um profissional que aconselha, recomenda e orienta os clientes sobre os melhores ativos para o perfil e objetivos de cada um, prestando um serviço personalizado e individualizado.
Por conta dessa atuação independente, ele não pode ter vínculo com nenhuma instituição financeira. Ou seja, não pode estar atrelado a nenhuma corretora ou distribuidora de valores mobiliários.
A profissão de consultor de investimentos é uma atividade regulamentada inicialmente pela Instrução CVM nº 592, de 17 de novembro de 2017, e posteriormente revogada pela Resolução CVM nº 19, de 25 de fevereiro de 2021.
Para os efeitos legais, considera-se consultoria de investimentos:
“a prestação dos serviços de orientação, recomendação e aconselhamento, de forma profissional, independente e individualizada, sobre investimentos no mercado de valores mobiliários, cuja adoção e implementação sejam exclusivas do cliente.”
A instrução da CVM deixa claro que o consultor não está focado em vender produtos, mas em prestar um serviço de aconselhamento e recomendação de produtos de forma personalizada, para ajudar os clientes a alcançarem seus objetivos e metas financeiras.
Para atuar como consultor de investimentos é preciso comprovar o conhecimento através de uma das certificações a seguir:
I – módulo CGA do programa de Certificação de Gestores da ANBIMA organizado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais;
II – certificação de especialista em investimentos ANBIMA – CEA organizado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais;
III – certificação nacional do profissional de investimento da APIMEC – CNPI, organizado pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais;
IV – level III do programa de certificação chartered financial analyst – CFA organizado pelo CFA Institute;
V – exam 1 e exam 2 do final level do programa de certificação internacional para profissionais de investimentos organizado por quaisquer dos membros da ACIIA – Association of Certified International Investment Analysts; e
VI – certified financial planner – CFP organizado pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros.
E estar devidamente registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Principais diferenças entre assessoria de investimentos e consultoria de investimentos
As principais diferenças do serviço prestado por um assessor de investimentos e por um consultor de investimentos se dá pelo vínculo ou não com uma instituição, forma de remuneração e tipo de serviço.
Você já ouviu a expressão que no mercado financeiro não existe almoço grátis? Então, por que a assessoria de investimentos seria gratuita?
Já parou para pensar sobre como o assessor é remunerado? Embora o serviço seja vendido como “gratuito” para o investidor, esse profissional precisa ganhar de alguma forma.
É essa remuneração, muitas vezes escondida, que causa o conflito de interesses da indústria.
Embora o nome agente autônomo de investimentos possa enganar, o assessor é vinculado a uma instituição que vende valores mobiliários.
Sua função é vender produtos e, assim, captar clientes para a corretora. Para isso, esse profissional recebe comissões.
Em termos práticos, isso significa que toda vez que você investe em um produto recomendado pelo assessor, ele ganha uma taxa.
Como não há transparência nos custos pagos pelo cliente, você nunca saberá com certeza se o profissional pensou no melhor para você ou melhor para o bolso dele.
A assessoria de investimentos é o modelo antigo, onde os profissionais estão conflitados e desalinhados com os interesses de seus clientes. Por isso, é natural se decepcionar com o atendimento do assessor.
Já o trabalho de um consultor de investimentos é um novo modelo de assessoria disponível no Brasil, sem conflito de interesses.
Nele, o profissional não está vinculado a uma corretora ou instituição financeira. Dessa forma, está muito mais livre para exercer seu trabalho.
Além disso, o consultor não recebe comissão por produto indicado, nem precisa bater metas. Sua remuneração se dá por uma taxa paga diretamente pelo cliente, de forma transparente.
Por isso, o serviço de consultoria de investimentos está 100% alinhado com os interesses dos clientes. Quando ele ganha, o consultor ganha.
Entenda melhor as diferenças entre assessor e consultor de investimentos e o conflito de interesses presente na assessoria de investimentos:
Vínculo com instituição financeira
A diferença entre assessoria de investimentos e consultoria de investimentos começa com o vínculo com uma instituição financeira.
Enquanto o assessor de investimentos está obrigatoriamente ligado a uma instituição financeira, como uma corretora de valores, o consultor, seja ele pessoa física ou jurídica, não possui vínculo com nenhuma instituição que venda valores mobiliários.
Isso reflete tanto nos produtos recomendados quanto na forma de remuneração desses profissionais.
Forma de remuneração
A forma de remuneração é o motivo principal do conflito de interesses que acontece com os assessores de investimentos.
Os assessores (AAI) são remunerados através de comissões embutidas nos produtos vendidos e são pagas pela corretora.
Isso significa que toda vez que o investidor compra um produto financeiro orientado assessor, este profissional ganha uma taxa, chamada taxa de rebate.
Esse modelo de remuneração é chamado de commission based, ou “baseado em comissão” e é praticado por grande parte das corretoras brasileiras.
Muitos investidores nem sabem que esse valor existe e nem quanto é pago.
Em alguns casos, algumas aplicações rendem maior porcentagem de comissão ao vendedor, como é o caso dos COEs recomendados pelo assessor.
O modelo de comissionamento gera um grande conflito de interesses.
De um lado estão os produtos alinhados com o perfil do cliente, do outro, aqueles que pagam mais comissões. Qual o assessor vai tentar te vender?
Esse é um dos motivos pelos quais há tanto dinheiro em investimentos ruins e carteiras mal alocadas, perdendo dinheiro e correndo riscos desnecessários.
Felizmente, existe um novo modelo, praticado pelos consultores de investimentos, chamado fee based. Nele não há metas de vendas, nem comissões envolvidas.
Sendo assim, o consultor não recebe taxas de rebate ou bônus pelas aplicações indicadas.
O profissional é pago diretamente pelo cliente, geralmente através de uma porcentagem fixa sobre o valor do patrimônio, eliminando o conflito de interesses.
Dessa forma a consultoria de investimentos é um serviço 100% alinhado com os objetivos dos clientes.
Toda a recomendação é pensada de forma a trazer os melhores resultados para a carteira, de forma individualizada e respeitando o perfil do investidor.
Variedade de produtos
Outra diferença entre assessoria de investimentos e consultoria de investimentos é a variedade de produtos.
Como o assessor é contratado por um banco ou corretora, ele só pode prestar serviços para a instituição em que está vinculado e seus produtos ficam restritos à própria instituição ou de parceiras.
Já o consultor possui a liberdade de atender o cliente independente da instituição financeira que ele mantenha o dinheiro e os investimentos.
Dessa forma, ele não está preso a nenhum portfólio específico.
Custo
A assessoria de investimentos não costuma ter nenhum custo direto para o investidor, porém, como o assessor depende das comissões pagas pela instituição para vender os produtos.
Dessa forma, quanto mais o cliente movimentar o portfólio, melhor para ele.
Assim, corre o risco dele indicar produtos desalinhados com o perfil do cliente e optar por aqueles que pagam mais comissões.
Quando se tem uma carteira mal alocada, com investimentos ruins, pouco rentáveis ou muito arriscados e com negociações excessivas, o resultado é um retorno baixo, muitas vezes perdendo dinheiro para a inflação.
Por outro lado, um serviço alinhado aos objetivos do investidor, pode fazer com que os resultados melhorem.
O consultor trabalha alinhado com o perfil, objetivos e realidade do cliente. Ele realiza um planejamento individualizado, que atenda diretamente o que se espera.
Além disso, ele trabalha formas de reduzir os custos de corretagem, taxa de administração, sem movimentações desnecessárias de portfólio e realiza um planejamento tributário para o cliente pagar menos impostos, dentro da lei.
Assim, por mais que o serviço de uma consultoria de investimentos seja pago, esse custo no final, vale a pena pelo potencial de aumento dos retornos e diminuição dos custos totais.
Lembre-se, o trabalho do consultor é transparente. Ele ganha mais se o cliente ganha, por isso, vai agir da melhor forma para entregar bons resultados, sempre dentro da tolerância ao risco do cliente.
O serviço do consultor tende a ser de longo prazo. São profissionais que acompanham o investidor em todo o planejamento e estão atentos às mudanças do mercado e dos objetivos dos clientes.
Comparação: agente autônomo x consultor de investimentos
Confira as principais diferenças entre o assessor e o consultor de investimentos:
Assessor | Consultor |
Não adota o modelo fiduciário. | Adota o modelo fiduciário, onde os interesses do cliente estão sempre em primeiro lugar. |
Vinculado a um banco ou corretora. | Não vinculado a nenhuma instituição. |
Vendedor de produtos. | Prestador de serviço. |
Custos ocultos e indiretos. Falta transparência dos custos do cliente. | Custos explícitos e diretos. Total transparência dos custos envolvidos para o cliente. |
Dependente e vinculado a uma única instituição financeira. | Independente. Pode ter vínculos com diversas instituições financeiras ao mesmo tempo. |
Tem conflito de interesses. Não está alinhado com os interesses do clientes. | Não tem conflito de interesses. Está alinhado com os interesses do cliente. |
Atua na distribuição/venda de produtos e prospecção de clientes. | Atua na orientação e recomendação de investimentos. |
Não pode recomendar produtos financeiros para seus clientes. | Pode recomendar produtos financeiros para seus clientes de acordo com seu perfil e objetivos. |
Quem paga o assessor é a instituição dona do produto financeiro. | Quem paga o consultor é o cliente. |
Assessor ou consultor de investimentos, qual o melhor?
Se você chegou até aqui, está nítido que o consultor de investimentos é o melhor profissional para te ajudar a tomar as decisões de investimentos e ter ao seu lado para te acompanhar de forma alinhada e sem conflito de interesses.
Esse novo modelo que até a pouco tempo atrás era restrito aos family-offices de grandes fortunas, começa a se consolidar no Brasil.
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