Você já se perguntou se o barulho todo sobre inteligência artificial (IA) é só mais uma bolha da internet ou se realmente estamos diante de uma transformação estrutural?
Se a resposta ainda não está cristalina, vamos desenrolar essa discussão com pegada prática que faz sentido para quem investe.
Para contextualizar o momento atual, pensemos nos anos de 1999 e 2009. Em 1999, a internet representava um futuro promissor e cheio de sonhos, apesar de a maioria das empresas do setor não gerar lucro, ter modelos de negócio incertos e avaliações de mercado extremamente elevadas.
Muitos investidores apostavam na esperança de uma futura resolução. Contudo, a bolha estourou em 2000, deixando para trás um território de terra arrasada e um rastro de ceticismo em relação ao setor.
Já em 2009, a internet havia passado pelo choque e começava uma nova fase: as big techs dominavam com modelos de negócio sólidos, lucros reais, e inovação aplicada em escala.
Por mais que a tecnologia continuasse evoluindo, a percepção mudou; o mercado já via valor concreto, e embora houvesse espaço para crescimento, os riscos eram mais palpáveis e mensuráveis.
Hoje, a corrida pela IA tem pontos dos dois momentos.
Algumas big techs (Google, Microsoft, Nvidia) veem lucros crescendo e capturam boa parte do valor gerado pelo avanço da IA. Essas empresas já estão no “2009” da IA.
Mas há também muitas startups e empresas com valuations esticados numa febre que lembra 1999. O desafio para o investidor é saber onde está o equilíbrio entre esses extremos.
Aqui entra uma das lições mais importantes para quem quer surfar essa onda sem virar vítima de exageros: não precisa acertar quem será o vencedor. Nem os maiores fundos costumam fazer isso direito.
A tese que proponho é simples e prática: use ETFs setoriais ou temáticos de IA para capturar o crescimento que essa tese pode vir a entregar.
Esses fundos trazem exposição a várias empresas que atuam no setor, desde gigantes consolidadas até players emergentes. Isso dilui o risco de apostar tudo numa única empresa.
Aliado a isso, vale manter ETFs amplos: o S&P 500, o MSCI World ou mesmo fundos de tecnologia amplo.
Eles garantem que o investidor está posicionado nos vencedores e perdedores da revolução tecnológica, sem a ansiedade de ficar trocando nomes a todo momento.
Essa estratégia é especialmente importante para quem não tem tempo ou estrutura para fazer uma análise detalhada e constante dos players de IA, que mudam rápido. Além disso, ETFs têm baixo custo e liquidez, facilitando a gestão da carteira.
Mas antes que você pense que é só seguir essa receita e pronto, é crucial ter consciência dos riscos.
Primeiro, a concentração de lucros.
Apesar da promessa de democratização da IA, a geração de valor e de lucros ainda está muito concentrada em poucas big techs.
Isso significa que sua carteira, mesmo com ETFs, pode acabar tendo alta exposição a essas empresas de grande porte, com risco de concentração.
Segundo, a dependência de investimentos pesados em capital.
Tanto em infraestrutura (data centers, semicondutores) quanto em pesquisa (desenvolvimento de algoritmos, contratação de talentos raros).
Qualquer problema na cadeia de suprimentos, regulação antitruste ou mudança rápida no custo do capital pode afetar o setor.
Terceiro, o risco regulatório. Governos em várias partes do mundo passam a observar mais de perto o impacto da IA na privacidade, no emprego, na segurança cibernética, o que pode levar a restrições severas que impactem a rentabilidade futura.
Quarto, a questão geopolítica dos semicondutores, que é a parte fundamental da infraestrutura de IA.
Tensões entre EUA, China, Taiwan e outros atores são uma variável de risco que pode afetar custo, disponibilidade e inovação tecnológica.
Tudo isso reforça a importância da diversificação, não apenas dentro do setor de IA, mas na alocação global de ativos.
A tese é aproveitar o crescimento estrutural, mas sabendo que a jornada terá percalços e que o risco de concentração ou choques exógenos não pode ser ignorado.
Cabe destacar que a IA é um tema que veio para ficar, e o potencial de mudar indústrias, automação, e inclusive o modelo de negócios das próprias empresas é enorme.
Mas quem quer surfar essa revolução não precisa virar trader nem futurólogo. É muito mais eficiente montar exposição via ETFs que já capturam essa diversidade de players, alinhada com sua alocação de risco.
Controlar custos, entender o papel dos investimentos em sua carteira e ter disciplina é o que vai garantir que a revolução da IA faça parte da sua jornada de crescimento financeiro e não da montanha-russa da emoção.
Você gostaria de saber como posicionar sua carteira para esse novo mundo?
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