Como Achar as Ações mais Baratas da Bolsa – Indicador Preço/Lucro (P/L)

O índice P/L é um dos mais utilizados por analistas e investidores fundamentalistas para encontrar as ações mais baratas da bolsa.
Fonte: FreePik

O índice Preço/Lucro (P/L) é um dos mais utilizados por analistas e investidores fundamentalistas para encontrar as ações mais baratas da bolsa.

O P/L pode sinalizar se você está ou não diante de uma grande oportunidade na bolsa de valores, mas esse é apenas um ponto para você saber como investir em ações..

O indicador fundamentalista P/L nos mostra a relação entre o preço de uma ação e o lucro anual da empresa negociada na bolsa de valores.

Popular pela sua simplicidade e pela facilidade de cálculo, o P/L indica quanto o mercado está disposto a pagar pelos lucros de uma empresa.

Você já deve imaginar que, naturalmente, o mercado se dispõe a pagar muito mais caro por uma empresa de tecnologia em franca expansão do que por uma empresa tradicional de utilidade pública, que não cresce e não faz mais investimentos.

Para uma empresa com P/L de 18 vezes, por exemplo, é possível afirmar que os investidores estão dispostos a comprar um papel da empresa por 18 vezes o seu lucro. 

Visto de outra forma, significa que o investidor levará 18 anos para recuperar o dinheiro investido se a empresa distribuir todo seu lucro como dividendos, considerando que esse lucro permanecerá estável pelos próximos 18 anos.

Logo mais veremos exemplos práticos, sobre como o P/L varia entre setores e como o P/L varia no tempo também.

Além de entender o que é o P/L, nesse artigo veremos como calcular ele, veremos exemplos práticos de P/L e também quais são as limitações no uso desse indicador.

O que é o indicador P/L?

Considerado um dos principais indicadores fundamentalistas, o P/L é usado com frequência pelos investidores que procuram ações baratas, com maior potencial de valorização na bolsa de valores.

Em tese, quanto menor o P/L, maior é o ceticismo do mercado em relação a uma empresa, e maior a possibilidade de valorização caso os investidores estejam subestimando o potencial da empresa.

Por outro lado, um P/L elevado denota um potencial de retorno grande, mas há um risco grande também do investidor pagar caro pelo ativo.

Como qualquer indicador, o Preço/Lucro nunca pode ser utilizado de forma isolada em uma análise. 

Quem faz isso assume um risco enorme, porque ignora uma série de elementos que podem impactar tanto no lucro como no preço das ações.

Como calcular o P/L de uma empresa?

Em geral, diversos sites já oferecem informações prontas para cada empresa, com os múltiplos já calculados, mas se você for analisar direto do balanço da empresa, não terá muitos problemas para chegar no número final, pois o cálculo do P/L é muito simples.

Ele pode ser obtido de duas maneiras.

Primeiro, você pode dividir o Valor de Mercado da empresa cotada em bolsa pelo seu lucro líquido consolidado nos últimos 12 meses.

Esses dados são públicos para empresas listadas em bolsa de valores.

Suponha uma empresa que é cotada a R$ 50 bilhões e, no último ano, reportou um lucro líquido de R$ 5 bilhões. Essa empresa negocia a um P/L de 10x.

Perceba que se a empresa estiver operando em prejuízo, o P/L dela será negativo. Isso já evita também que você invista em empresas deficitárias.

Outra maneira de calcular o P/L é dividindo o preço da ação pelo lucro por ação.

O preço da ação nada mais é do que o valor de mercado da empresa dividido pelo número de ações que a empresa possui.

O lucro por ação é o lucro líquido em 12 meses dividido pelo número de ações da empresa.

Através desse cálculo, se chega no mesmo resultado.

Vamos usar como exemplo a mesma empresa hipotética que mencionamos.

Digamos que ela possua 1 bilhão de ações em circulação.

Isso quer dizer que uma ação custa R$ 50 e o lucro por ação é de R$ 5.

Fazendo a divisão do preço pelo lucro, chegamos no mesmo P/L de 10 vezes.

Isso significa que o mercado está aceitando pagar 10 vezes o lucro da empresa para comprar ela.

Em tese, quanto maior o P/L, maior o potencial de crescimento da geração de caixa e do lucro da empresa no médio e longo prazo. 

Isso significa que os investidores, e o mercado em geral, estão otimistas quanto ao futuro da empresa. 

Na prática, porém, a empresa vai precisar comprovar essa expectativa para continuar sendo negociada pelos mesmos valores ou múltiplos.

Ou seja, é possível que a ação esteja “cara”.

Por último, comprar uma ação, mesmo que seja de uma boa empresa, que esteja cara, pode ser arriscado, afinal o preço da ação pode cair para patamares que tragam o P/L para níveis mais razoáveis.

Nos jargões do mercado, dizemos que uma ação está “cara” quando ela é negociada a um múltiplo (seja o P/L ou outros múltiplos usados) exagerado em relação às perspectivas de crescimento da empresa e aos seus pares de mercado.

Recentemente, vimos a NVIDIA, empresa americana de tecnologia, negociar a 55 vezes lucros. Isso significa que há um otimismo muito grande do mercado em relação à evolução dos lucros da empresa.

Seguindo a mesma lógica, quanto menor o P/L de uma empresa, menos o mercado aceita pagar pelos seus lucros.

Ao mesmo tempo em que o P/L baixo pode ser um indicativo de uma empresa sem perspectivas, com gestão ruim, em um modelo de negócio defasado, também pode ser um sinal de que o mercado está subestimando o valor da empresa. 

É por isso que o P/L é, muitas vezes, interpretado como um indicador de risco da empresa: quanto menor, menor é, segundo o mercado, a capacidade de aumentar a geração de valor ao acionista.

Um caso simbólico e recente são as ações do Banco do Brasil (BBAS3), que em 2022 chegaram a operar com um P/L de 3,3x, uma vez que o mercado via muito risco em um banco estatal e, que além disso, já possui um porte grande, não tendo como expandir os seus lucros de maneira significativa daqui para frente.

No entanto, nos últimos 2 anos, a ação se valorizou bastante e hoje encontra-se com um P/L próximo de 5x, como já veremos nos exemplos práticos.

Há investidores que comparam o P/L de empresas de um mesmo setor como um termômetro, para entender quais são as empresas favoritas e quais estão sendo preteridas pelo mercado.

Dessa assimetria entre as empresas podem nascer excelentes oportunidades – assim como péssimos negócios.

Ou seja, o P/L nos ajuda muito na escolha de empresas para se investir, mas sozinho não dá nenhuma resposta óbvia para o investidor.

Exemplos Práticos do P/L de Ações

Agora que você já sabe como calcular o P/L das ações da Bolsa de Valores, vamos mostrar na prática como podemos analisar esse indicador.

Há duas maneiras de você fazer comparações:

a primeira, é comparar o P/L entre empresas de um mesmo setor.

A outra, é analisar como esse indicador evolui ao longo do tempo em uma empresa.

Vamos ver rapidamente o P/L de quatro empresas do setor bancário:

  • Itaú (ITUB4)
  • Banco do Brasil (BBAS3)
  • Bradesco (BBDC4) 
  • Banrisul (BRSR6)
AtivoP/L
ITUB410,2
BBAS34,8
BBDC410,3
BRSR64,7

Fonte: Status Invest:

Pela métrica do P/L, poderíamos dizer que as ações mais caras são as do Bradesco e as mais baratas são as do Banrisul.

Mas como mencionado, não podemos analisar esse indicador isoladamente, mas sim utilizar ele em conjunto com diversos indicadores fundamentalistas.

Agora vamos analisar um caso de evolução histórica do indicador. A empresa escolhida será o Bradesco (BBDC4).

Repare que no gráfico há uma linha tracejada que marca qual foi o P/L médio da ação ao longo do período.

Vemos que hoje BBDC4 negocia a um P/L de 10,32x, enquanto a média histórica é de 10,87x.

Isso quer dizer que, se olharmos exclusivamente para isso, poderíamos dizer que Bradesco está muito próximo de um preço justo, já que o desconto é muito baixo.

Não há um número mágico que nos diga qual é o P/L ideal para uma ação, mas vamos trazer uma sugestão puramente arbitrária.

O ideal seria escolher empresas que possuem um P/L entre 5x e 15x, nem mais, nem menos.

Primeiro porque empresas com P/L muito elevado tem chance grande de estarem caras. Claro que isso não deve ser um critério de descarte, mas deve ser levado em conta.

Segundo, porque empresas com um P/L muito baixo (abaixo de 5x) provavelmente estão passando por algum período complicado e justamente por isso o mercado não está aceitando pagar muito pelos lucros da companhia.

Se no futuro a empresa apresentar queda nos lucros, mesmo que o preço da ação não caia, o P/L dela pode aumentar e a ação pode ficar cara.

Mas como já repetido, sempre devemos olhar para as ações dentro de um contexto geral, compreendendo diversos indicadores, dentre eles, o P/L.

Isso nos leva a falar de quais são as limitações deste indicador, afinal, não existe bala de prata.

Simplesmente não há nenhuma fórmula mágica e precisa para adivinhar quais são as empresas que vão disparar.

Limitações do Indicador P/L

Listamos, a seguir, alguns cuidados que você precisa tomar ao utilizar o P/L para comparar empresas, porque existem fatores que podem distorcer a análise:

Empresas de rápido crescimento tendem a operar com P/L elevado, já que suas receitas e seus lucros crescem mais rápido do que a média. Dessa maneira, fica muito difícil avaliar uma empresa de tecnologia através desse indicador.

Setores diferentes podem apresentar P/L diferentes.

Então de nada adianta você comparar o P/L de uma empresa do setor de energia elétrica com o P/L de uma empresa de tecnologia.

Não é porque uma possui o P/L menor do que a outra que uma ação está mais barata que a outra.

Empresas de países diferentes podem apresentar P/L diferentes. Geralmente o indicador de P/L, tudo o mais constante, gravita em torno das taxas de juros dos países.

Países com juros baixos tendem a ter empresas operando com P/L mais elevados, enquanto países com juros altos costumam ter empresas operando com P/L mais baixos. Basicamente é mais barato comprar empresas em países com juros altos.

O lucro das empresas pode ser impactado por uma série de fatores, alguns extraordinários e não recorrentes.

Por isso, se uma empresa apresenta um lucro não recorrente, isso pode jogar o P/L para baixo e dar a sensação de que a empresa ficou super barata, quando na verdade aquele indicador acabou ficando distorcido por conta de um evento que tende a não se repetir.

Além disso, padrões contábeis diferentes adotados pelas empresas podem distorcer a análise.

Conclusão

Agora que você já sabe o que é P/L, como é calculado e como pode ser analisado para comparar empresas, chegou a hora de levar esses conhecimentos para a parte prática.

Como viu, o P/L é um indicador importante, de fácil acesso e bastante popular.

Mas ele deve servir apenas como um ponto de partida para as suas análises.

Nunca tome qualquer tipo de decisão de investimentos com base apenas na comparação entre os P/L das empresas.

O P/L sempre deve ser analisado dentro de um contexto, para evitar decisões de investimento precipitadas.

Ele é mais uma das ferramentas que auxiliam a vida do investidor a investir nas melhores ações da bolsa de valores.

E você, também utiliza o P/L para analisar as ações?

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