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Renda fixa: Lições com o liquidação do Banco Master

Você provavelmente já ouviu falar que renda fixa é "segura" e renda variável é "arriscada". É o tipo de conselho que todos dão, aquela frase que parece tão óbvia que ninguém questiona.
Imagem: imagem ilustrativa da quebra do Banco Master.

Você provavelmente já ouviu falar que renda fixa é “segura” e renda variável é “arriscada”. É o tipo de conselho que todos dão, aquela frase que parece tão óbvia que ninguém questiona.

Mas deixa eu te mostrar por que essa simplificação pode custar muito caro no seu bolso.

Na terça-feira passada, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master.

Para quem não está familiarizado com o termo, isso significa que o banco deixou de operar imediatamente e será desmontado de forma controlada pelo Sistema Financeiro Nacional.

O caso Master não é um risco teórico. É real e aconteceu.

O Banco Central identificou indícios de emissão fraudulenta de títulos, o dono da instituição, Daniel Vorcaro, foi preso, e estima-se que o rombo chegue a R$ 50 bilhões.

Para você ter dimensão, isso representa cerca de um terço de todo o Fundo Garantidor de Crédito, o fundo que protege os investidores nesse tipo de situação.​

Aqui devemos considerar um ponto central: renda fixa é uma classe de ativo, não uma garantia de segurança absoluta.

A confusão acontece porque muitos investidores tratam renda fixa como se fosse sinônimo de “sem risco”.

Quando você investe em um CDB, uma LCI ou qualquer título de crédito privado, você está basicamente emprestando dinheiro para um banco ou empresa.

E quando você empresta dinheiro para alguém, existe um risco muito real: o devedor não conseguir pagar você de volta.

A Bolsa cai 30% e você continua com suas ações, elas só mudaram de preço. Mas um banco quebra, e seu dinheiro pode simplesmente desaparecer.

Ou mais precisamente:

vai para uma fila de liquidação onde você compete com outros credores para receber o que sobra. Não há garantia de que vai receber 100% do que investiu. Às vezes, você recebe 50%. Às vezes, recebe bem menos.

No caso do Master, quem tinha CDBs protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito está coberto até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ.

Isso funciona como um seguro. Mas quem tinha valores acima disso?

Agora estão na fila de liquidação, dentro da massa falida da instituição, conversando com seus advogados e rezando para que sobre alguma coisa quando tudo for liquidado.​

Deixa eu te explicar como funciona o FGC, porque esse é um ponto que muitos investidores não entendem completamente.

O Fundo Garantidor de Crédito é, basicamente, um seguro privado gerenciado pelas próprias instituições financeiras.

Todos os bancos que participam do Sistema Financeiro Nacional contribuem mensalmente para esse fundo. Em setembro de 2025, o FGC tinha R$ 160 bilhões em patrimônio, sendo R$ 122 bilhões em caixa.​

Agora vem a parte importante: o FGC não protege você de tudo.

A cobertura máxima é de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, por instituição financeira. Vamos pôr em números claros: se você tem R$ 300 mil em um CDB do Banco Master, o FGC cobre R$ 250 mil.

Os R$ 50 mil restantes?

Você entra na fila de credores da liquidação, e provavelmente vai receber uma fração disso, com a melhor das intenções.​

O FGC também cobre: depósitos em conta corrente, poupança, CDB, RDB, LCI, LCA e Letras de Câmbio.

Mas não cobre: debêntures, CRIs, CRAs, fundos de investimento, e qualquer título emitido fora do sistema de proteção.​

O Fundo Garantidor de Crédito vai desembolsar entre R$ 40 e R$ 50 bilhões para resolver a crise do Master.

Por enquanto, não há falta de dinheiro para pagar.

Mas isso ainda assim deixa o FGC com menos poder de fogo para futuras crises.​

Agora que você entende o que é o FGC e suas limitações, deixa eu te mostrar o que acontece quando um banco quebra.

Assim que a liquidação é decretada, todas as contas são bloqueadas. Você não consegue sacar, transferir ou movimentar nada.

O Banco Central nomeia um liquidante, uma empresa especializada em desmontar instituições financeiras.

O liquidante tem a responsabilidade de:

  1. Fazer um inventário completo dos bens, direitos e dívidas do banco
  2. Vender os ativos para gerar caixa
  3. Elaborar a lista oficial de credores
  4. Coordenar os pagamentos na ordem legal

Os pagamentos começam tão logo o liquidante prepare a base de dados dos credores. O FGC estima que todo o processo até chegar ao pagamento dos credores demore em média uns 60 dias.

O recado é o seguinte: renda fixa não é segura quando o devedor tem dificuldades para honrar seus compromissos, ou seja quando não consegue pagar de volta os credores.

Pense assim: você está emprestando dinheiro. Quando você empresta para seu irmão R$ 1 mil, ele pode gastar tudo e não ter como devolver.

Quando você empresta para um banco por meio de um CDB, a mesma coisa pode acontecer. A diferença é escala. Pode ser R$ 300 mil em vez de R$ 1 mil.

No caso do Master, a segurança aparente dos títulos de crédito privado desapareceu quando o banco começou a emitir títulos fraudulentos.

Então, como você investe em renda fixa sem entrar nessa armadilha?

Avalie a qualidade financeira de quem está pegando dinheiro emprestado com você.

Aqui está a metodologia simples:

1. Procure CDB de bancos com solidez comprovada. Embora muitos investidores ignoram isso buscando 1% a mais de rendimento.

2. Verifique a nota de crédito do banco. Agências como S&P, Moody’s e Fitch classificam os bancos. Se a nota é ruim, a taxa é alta porque o risco é alto.

3. Diversifique entre instituições. Lembre do limite do FGC: R$ 250 mil por CPF, por banco. Se você tem R$ 1 milhão para investir em renda fixa, distribua entre 4 ou 5 bancos grandes e bem-capitalizados.

4. Prefira Tesouro Direto para a parcela de maior segurança. O Tesouro Direto é emitido pelo governo federal.

5. CRA e CRI apenas de empresas bem estabelecidas e com ratings altos. Debêntures? Avalie muito bem a qualidade de crédito do emissor e o prazo de vencimento. Não se deixe atrair por taxas excessivamente altas que podem esconder riscos elevados.

Em termos de fluxo de caixa, a renda fixa é geralmente mais previsível que a renda variável, pois o investidor tem clareza sobre o valor e a data do recebimento.

Contudo, no que tange ao risco de crédito, a renda fixa pode apresentar um nível de risco considerável a depender da qualidade do emissor..

A liquidação do Banco Master não é uma tragédia para quem estava bem diversificado e atento ao risco de crédito. É uma oportunidade de aprender.

Mas para quem colocou tudo, ou quase tudo, nos CDBs do Master, a lição pode ter custado muito caro.  

Esse é o aviso que você precisa levar para casa: renda fixa é tão segura quanto o devedor que está pegando dinheiro emprestado com você. Nunca esqueça disso.

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