Crise nos Fiagros: Investidores Pagam a Conta

O problema dos Fiagros vai além das falências no agronegócio. Entenda.
Crise nos Fiagros: Investidores Pagam a Conta
Imagem: Freepik

A recente onda de inadimplência no agronegócio deixou o investidor em alerta sobre uma possível crise nos Fiagros. O medo é real, afinal, quem paga a conta geralmente é o lado mais fraco.

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Desde a sua criação, em 2021, os Fiagros ganharam espaço nas carteiras de muitos investidores pessoa física devido ao seu grande pagamento de dividendos.

Em janeiro de 2024, os fundos de investimento em cadeias agroindustriais tinham R$ 34 bilhões sob gestão, segundo dados da Anbima, o que representa um salto de 43% em relação ao mesmo período do ano passado.

No entanto, problemas no setor do agronegócio vieram para colocar em teste a resiliência dessa classe de ativos.

A quebra de safra e produtores rurais indo à falência a um ritmo alarmante resultou em prejuízo a alguns Fiagros, produtos garantidos por pagamentos de juros e dividendos atrelados a investimentos agrícolas, bem como locação de terras. 

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Fundos como Galápagos Recebíveis do Agronegócio e SFI Investimentos do Agronegócio caíram depois que produtores deixaram de pagar algumas linhas de crédito, informou a Bloomberg. 

Quando um ativo começa a dar problema, o esperado é que isso respingue em toda a indústria, gerando preocupações sobre a saúde dessa classe como um todo.

Mas existe mais um fator importante nesse cenário. O problema dos Fiagros vai além das falências no agronegócio. Na crise nos Fiagros, são os investidores que pagam a conta.

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Calotes nos Fiagros

Para entender a crise nos Fiagros, primeiro precisamos voltar à criação deste produto.

Os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros) são um tipo de fundo de investimento relativamente novo na indústria. 

Regulamentados em março de 2021 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), via Instrução 555, eles têm por objetivo captar recursos para aplicação em ativos do agronegócio.

Com uma remuneração alta, com pagamento de dividendos superior a 1% ao mês, os Fiagros atraíram muitos investidores.

Só para se ter uma ideia, em 2023, 17 Fiagros superaram o CDI e pagaram acima do principal índice de referência da renda fixa no acumulado do ano. O que mais distribuiu dividendos entregou retorno de 20,13%, segundo levantamento da Quantum Finance.

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O Fiagro com o dividend yield mais alto no período foi o Galápagos Recebíveis do Agronegócio (GCRA11), com retorno de 20,13%, justamente um dos que mais sofreu com a crise.

Esse fundo investe majoritariamente em certificados de recebíveis do agronegócio (CRA), estratégia predominante entre os Fiagros. Lembrando que tivemos recentemente novas regras para emissão destes ativos.

Desde a criação dos Fiagros houve um aumento no financiamento da agricultura, setor dependia apenas do financiamento de bancos e tradings. 

Acontece que a safra de 2023/2024 foi marcada por preços menores, principalmente para a soja e milho, duas commodities de preferência dos produtores no Brasil. 

Com menor preço nos mercados internacionais, cooperativas e empresas ligadas à produção de grãos começaram a sofrer prejuízos, culminando em uma onda de inadimplências.

Com os produtores deixando de pagar algumas linhas de crédito, aquelas que os Fiagros investem, o alerta foi ligado.

Além da preocupação sobre a saúde desses fundos, também existe um medo sobre o futuro da economia brasileira, já que o país se tornou cada vez mais dependente da agricultura.

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Os Fiagros são os vilões? 

A busca por altos dividendos fez com que parte dos cotistas comprassem Fiagro sem entender direito o que estava comprando, sem buscar informações sobre a carteira e a concentração desses fundos.

Sempre que se opta por investir em crédito é preciso ler a estratégia, ver as principais operações, quais são as garantias, a empresa envolvida, estudar os demonstrativos de resultado, o balanço e monitorar as operações.

Caso contrário, o investidor só percebe o risco que está correndo depois que o risco ocorre. Como agora.

Se o investidor não tem o conhecimento necessário, pode contratar um analista que faça isso ou, o que mais ocorre, ele confia cegamente em seu assessor.

Então, será que o problema é o Fiagro ou mais uma vez temos um problema de conflito de interesses por trás?

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Os Fiagros em si não são os vilões dessa história. Embora os atrasos deixem o investidor em alerta, a crise nos Fiagros é parte de um processo natural para uma classe de fundos tão nova e para um setor tão cíclico como o agronegócio.

O que está acontecendo com os Fiagros já aconteceu inclusive nos fundos imobiliários (FIIs) no passado e separou produtos bons dos ruins. A seleção é um processo contínuo. 

O grande problema foi a maneira como os assessores distribuíram esses produtos sem diligência nenhuma.

Como todo produto novo no mercado, os Fiagros pagam altas comissões, incentivando o conflito de interesse do assessor em empurrar produtos que pagam mais e que não tem alinhamento com o perfil do investidor.

O mesmo problema não existe no modelo de consultoria. Como o consultor não recebe comissões, o conflito de interesses é inexistente.

Esse profissional vai analisar a fundo os produtos, recomendando pelo que acredita ser o melhor para a carteira do investidor.

Isso não quer dizer que não existam erros. É claro que isso pode acontecer, mas como existe o acompanhamento contínuo do consultor, sempre que ele verifica um sinal de alerta, como uma mudança nos fundamentos, o consultor sinaliza.

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O problema com os Fiagros é possuir uma carteira concentrada nesses produtos que ainda não foram validados pelo tempo. 

Sempre fique cauteloso com produtos novos ou indicações acaloradas de assessores.

Se for para se expor, que seja em tamanho saudável, caso contrário, irá pagar a conta.
Quem sobrevive em momentos de crise é quem tem uma carteira bem alocada, com ativos bons e com menor nível de risco.

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